As altas na inflação, conta de luz, gasolina e alimentos têm obrigado muitos brasileiros a diminuírem os seus padrões de vida. No entanto, há maneiras de amenizar o inevitável peso que esse cenário traz para o bolso com mudanças de rotina e hábitos de consumo. Especialistas no assunto dão algumas dicas sobre o que pode ser feito.
De acordo com o Pablo Ganassim, as maneiras mais comuns e conhecidas para reduzir o consumo de água e energia, por exemplo, são bem acessíveis e costumam funcionar, mas são generalistas. Algo que realmente pode impactar e reduzir o consumo é realizar um estudo sobre a sua realidade.
“Primeiro, comece olhando para as contas mês a mês para entender o quanto se gasta com água e energia elétrica. Em paralelo, comece a registrar os hábitos dos usuários. No começo, pode parecer um pouco trabalhoso, mas esse raio-x é que vai apontar os vilões do consumo. Segundo passo, analisar as atividades e rotinas para descobrir quais são as que estão fazendo o consumo crescer. Por exemplo, você pode descobrir que está usando a máquina de lavar roupas três vezes por semana, mas que poderia juntar as roupas e fazer o serviço em uma ou duas lavagens. Essa simples reprogramação já vai diminuir o consumo de água e energia”, explica o especialista, que é professor da Faculdade do Grupo Etapa (Eseg) e um dos coordenadores do curso de finanças e empreendedorismo da instituição para alunos do segundo ano do Ensino Médio.
O terceiro passo, segundo ele, é desenvolver maneiras para diminuir os seus gastos. “O chuveiro elétrico é um dos grandes vilões da conta de energia. Quando a temperatura da água está no modo inverno, isso pode aumentar o consumo em até 30%, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se não é possível trocar o chuveiro por um sistema de aquecimento mais econômico, algumas atitudes podem reduzir o gasto com ele. Banhos mais curtos, chuveiro fechado enquanto você se ensaboa, e uso no modo verão, consome menos energia (e água). Além disso, a manutenção também é importante. Manter limpos os buracos por onde passa a água e cuidados com a resistência vão deixá-lo mais eficiente”, destaca.
Em tempos de crise energética, a APSA em parceria com a Acende Energia está finalizando um projeto que possibilita a migração do condomínio para o mercado livre de energia. O modelo consiste na compra de Energia diretamente de um gerador de energia limpa ao invés da concessionária da região. Com isso, o condomínio consegue uma redução de até 20% no valor da conta e também, por meio de contratos a longo prazo, fica protegido aos altos e baixos das tarifas.
De acordo com Flávio Lima, CEO da Acende Energia – empresa que fornece esse tipo de solução para empresas, shoppings e condomínios –, a adesão ao mercado livre de energia é algo que atrai cada vez mais condomínios. “Não há qualquer mudança no meio físico de fornecimento de energia. Ele continua sendo feito ao condomínio por meio da concessionária. A concessionária, porém, não entrega a energia, a mesma é fornecida por um gerador independente ligado ao mercado livre. Uma outra vantagem é que, de acordo com a legislação, para empreendimentos na dimensão de condomínios, essa energia comprada precisa ser de uma matriz limpa, o que torna o processo mais sustentável – explica.
Com a aproximação do verão, o ar condicionado também passa a ser um grande vilão. No entanto, hoje existem modelos desenvolvidos de modo a reduzir o consumo diário. Por isso, quando você precisar trocar algum equipamento ou adquirir novos, dê preferência àqueles que apresentam os melhores índices de eficiência energética. Outro cuidado tem a ver com o projeto do sistema de refrigeração, que deve estar adequado ao tamanho do ambiente e ao número de pessoas que utilizam o espaço. Para dimensioná-lo, busque ajuda de um profissional capacitado e faça valer seu investimento.
Atenção aos gastos do dia a dia
O executivo em finanças André Aragão destaca que é preciso que as pessoas tenham consciência de que o momento é delicado e requer muita economia. Ele dá algumas dicas neste sentido. “Verifique se as coisas que está pagando são realmente necessárias. Por exemplo, planos de streaming, celular, TV a cabo… Pesquise tudo antes de comprar e repense se há necessidade de comprar neste momento. Faça a famosa pesquisa de preço. Anote tudo o que comprar, até mesmo o cafezinho da esquina. Crie o hábito de anotar tudo, assim é possível ter um controle de todos os gastos. Organize uma planilha e coloque todos os valores de contas pagas e gastos com aplicativos de comida, roupas…”, orienta.
Já a planejadora financeira Rosielle Pegado destaca que é essencial corrigir os maus hábitos e ter objetivos financeiros claros. Entre os costumes que colocam em risco a saúde financeira, ela cita os de não anotar as despesas, não consultar o saldo bancário, gastar mais do que ganha, gastos desnecessários ou supérfluos, não ter uma reserva de emergência e considerar o cheque especial e o cartão de crédito uma extensão do salário.
“É fundamental identificar e resolver esses hábitos nocivos em suas finanças o mais rápido possível. Acredite: seu sucesso financeiro é baseado em um bom relacionamento com o uso diário de seu dinheiro. Afinal, uma vida financeira saudável depende do esforço de cada pessoa em buscar informação e exercitar a disciplina para incorporá-la no seu cotidiano”, orienta.
Por: Gabriel Menezes