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Descarte consciente de medicamentos

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 09/08/2021

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O impacto que os resíduos de medicamentos causam ao meio ambiente cresce a cada ano, afinal, eles contêm diversas substâncias químicas que podem representar perigo inclusive para as pessoas. Ao descartar os medicamentos no lixo comum, na pia ou no vaso sanitário, você está contribuindo mesmo sem saber para um grave problema de saúde pública. Devido aos grandes riscos à saúde humana e ao meio ambiente, o descarte desses itens deve ser feito em pontos de coleta específicos, para serem posteriormente encaminhados à destinação final ambientalmente correta.

Fazer o descarte de medicamentos vencidos ou daqueles que sobraram de algum tratamento jogando-os no lixo comum ou no esgoto doméstico não é uma boa solução, pois cerca de 20% de todos estes medicamentos acabam contaminando o meio ambiente, podendo assim causar danos aos seres vivos que nele habitam. Isso ocorre porque os sistemas de tratamento de esgoto não conseguem eliminar algumas substâncias. “Uma vez no ambiente, esses resíduos podem provocar alterações na reprodução de organismos, em seu crescimento e comportamento, gerando um desequilíbrio ecológico”, explica a bióloga Gabrielle Rabelo.

Outro problema é a contaminação das águas, já que cada quilograma de medicamento descartado incorretamente pode acabar contaminando até 450 mil litros de água. “Da mesma forma que as estações de tratamento de esgoto não apresentam tecnologia suficiente para remoção dos resíduos dos medicamentos, as de tratamento de água também não. Assim, muitos deles já foram encontrados em água potável”, alerta Gabrielle.

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Gabrielle, bióloga, explica que o descarte incorreto de medicamentos pode provocar alterações na reprodução de organismos, em seu crescimento e comportamento, gerando um desequilíbrio ecológico.

O descarte incorreto de medicamentos é um problema que ocorre no mundo todo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a população recebe orientações para descartar os medicamentos velhos no vaso sanitário ou no lixo, pois eles dão prioridade a reduzir o risco de uso não intencional ou overdose dessas drogas. Assim, ao descartar os medicamentos vencidos de forma incorreta, os consumidores contribuem com uma quantidade pequena, mas que quando acumulada causa grandes consequências.  

Os fármacos que ingerimos são metabolizados e eliminados pelo nosso corpo indo parar nas redes de esgoto junto com aqueles que descartamos em pias e vasos sanitários. Eles percorrem todo o caminho até uma estação de tratamento de esgoto onde também sofrem metabolização, mas muitos não são totalmente degradados, podendo chegar em sua forma original aos aterros que, caso não possuam impermeabilização adequada, podem atravessar alguns meios e contaminar o solo e o lençol freático em concentrações até maiores que via esgoto. 

As estações de tratamento não foram projetadas para eliminar fármacos – eles são apenas atenuados. Existem técnicas de remoção de fármacos como ultrafiltração, ozonização, oxidação avançada, mas os elevados custos não viabilizam sua implantação para o tratamento de esgoto em larga escala.

 

Quais são os riscos?

Os problemas causados pela presença dos compostos de medicamentos no ambiente ainda não são muito conhecidos. Sabe-se que os medicamentos diluídos em água podem interferir no metabolismo e no comportamento de organismos aquáticos. Há fármacos que são persistentes e se acumulam no meio ambiente, além dos riscos de doenças na população, os animais podem encontrar medicamentos descartados no lixo e ingeri-los. 

Estudos da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estimam que os medicamentos mais vendidos no Brasil acabem nas águas, seja por descarte incorreto ou por resíduos presentes na urina e fezes de usuários, que terminam nas estações de esgoto.

As concentrações são baixas para seres humanos, mas a hipótese é que eles possam prejudicar a fauna e a flora. Em Porto Alegre (RS), estudos da UFRGS já identificaram antibióticos, anti-inflamatórios, betabloqueadores, corticóides e hormônios em amostras de água da região. Os hormônios são os maiores causadores de desequilíbrios na reprodução dos organismos e os antibióticos podem causar resistência bacteriana a longo prazo. 

O armazenamento de medicamentos em casa também aumenta o risco de intoxicação pelo uso indevido – cerca de 28% dos casos de intoxicações no Brasil são por medicamentos por isso, o consumo consciente de medicamentos também é importante. Esse tipo de situação, que poderia ser controlada, deve-se em grande parte ao fato de a sociedade não ter informações quanto à forma correta do descarte de medicamentos e seus riscos. 

A maioria dos medicamentos descartados vem das sobras de remédios da nossa “farmácia caseira” – um hábito comum do brasileiro, e as pessoas que manejam esses resíduos sem proteção, como catadores nos lixões, também estão suscetíveis a eventos adversos e intoxicações caso achem o medicamento e o consumam.

 

Qual destino dar aos medicamentos?

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece como obrigatoriedade o correto descarte de medicamentos. No caso dos remédios, a chamada logística reversa funciona com as farmácias e drogarias aceitando medicamentos vencidos para encaminhá-los ao seu destino final sem risco de contaminação. A Anvisa possui uma lista de postos de coleta credenciados e o processo é todo regido pela norma ABNT NBR 16457 2016.

Na opinião da farmacêutica Paula Garcia, a melhor maneira de descarte é levar os medicamentos fora de uso ou vencidos nas farmácias ou unidades de saúde. “Infelizmente, nem todas as cidades brasileiras apresentam regulamentação municipal para o recolhimento desses produtos, mas isso está mudando”. Em algumas cidades, as farmácias precisam comprovar que estão fazendo o destino correto desses medicamentos. “A vigilância sanitária tem fiscalizado e as drogarias só conseguem renovar o alvará de funcionamento demonstrando que estão realizando a coleta e a destinação adequada”, afirma a farmacêutica. 

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A opinião da farmacêutica Paula Garcia, a melhor maneira de descarte é levar os medicamentos fora de uso ou vencidos nas farmácias ou unidades de saúde.

Para descobrir o posto de coleta mais perto da sua casa, é possível consultar a plataforma Descarte Consciente  ou o site do eCycle. Após serem deixados nos postos de coleta, alguns medicamentos podem ir para aterros sanitários de forma correta, enquanto outros precisam ser incinerados. 

Se a sua cidade ainda não apresenta um posto de coleta, cobre na prefeitura para que isso seja feito!

 

Por: Juliana Marques

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