Pandemia altera rotina interna dos condomínios
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 03/05/2021
Comportamento
Os condomínios residenciais têm papel de protagonistas no enfrentamento à disseminação do coronavírus, principalmente pela característica natural de reunir várias pessoas num momento em que muitas delas estão trabalhando em home office. Nessa situação, o síndico deve fiscalizar e orientar a rotina interna dos prédios.
Do ponto de vista legal, novas regras foram impostas aos condomínios da capital por meio de um decreto publicado em 10 de março. Estão proibidas a organização de festas em áreas comuns ou nos apartamentos e a realização de assembleias presenciais. O fechamento das áreas comuns fica a critério dos síndicos.
— Na cidade do Rio, não está proibida a utilização das áreas comuns, mas algumas limitações são necessárias de acordo com o nível de contágio em cada região. Cabe aos síndicos e gestores fiscalizar o cumprimento das restrições e o fechamento dessas áreas — informa Edgar Poschetzky, gerente geral de condomínios da APSA.
Os níveis de contágio são classificados em: moderado, alto e muito alto, divulgados semanalmente por boletins do Centro de Operações de Emergências Covid-19. Segundo Rodrigo Pereira, diretor comercial da Jetro Administradora de Imóveis, eles são essenciais para definir as regras flexíveis e as mais restritivas.
— Conforme os níveis divulgados, as áreas de uso comum podem ser restritivas ou flexibilizadas. Se o nível de contágio aumenta, as medidas devem ser mais severas. Quem desobedece às regras coloca a si mesmo em risco e a seus próprios familiares, amigos e vizinhos. E o infrator está sujeito a punições — explica Pereira.
Elevadores
O uso do elevador é um dos itens que mais preocupam. Em comum, os condomínios adotaram restrições que incluem a oferta de álcool em gel na portaria e o uso obrigatório da máscara, mas alguns prédios criaram suas próprias regras, acordadas com os moradores, como a utilização do elevador apenas por pessoas da mesma família.
Síndico profissional de condomínios nas zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro, Charles Costa diz que, em edifícios de baixa rotatividade de pessoas, tem sido adotado o uso do elevador em horários diferentes pelos moradores.
— Eles combinam as regras entre si. Apostamos muito na conscientização, e isso leva as pessoas a adotarem outras medidas, como esperar por outro elevador ou utilizar a escada. Quanto às normas legais, orientamos os moradores para que eles possam se adequar às exigências — informa ele, acrescentando que, para os prestadores de serviços dos apartamentos, os condomínios ofertam também máscaras nas portarias.
Mudar hábitos não é fácil! Por isso, orientar e informar os moradores e também funcionários e prestadores de serviços sobre as regras é uma tarefa constante dos síndicos, que pode ser feita por informativos colocados nos elevadores ou por mensagens de WhatsApp, por exemplo.
David Santos, que também responde pela administração de condomínios nas zonas Norte e Oeste da capital fluminense, informa que, nos condomínios que gerencia, são divulgados materiais educativos em pontos estratégicos, além de campanhas de conscientização.
— Até porque as pessoas se acomodam quando não há ninguém por perto e acabam tirando a máscara. Sempre que novas regras são decretadas, outras campanhas são realizadas. O Código Civil de 2002 prevê que o morador que descumprir reiteradamente as normas do condomínio poderá, por deliberação de 3/4 dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa de até cinco vezes o valor do condomínio mensal.
Acesso de entregadores tem regras distintas
Medidas procuram evitar contatos desnecessários e garantir a segurança de todos
Uma das preocupações mais frequentes dos moradores, desde o início da pandemia, refere-se à circulação de entregadores nas dependências dos condomínios. Além das recomendações de praxe (higienização das mãos e uso de máscara), os edifícios passaram a limitar o acesso dessas pessoas com base nos estágios de risco estabelecidos para cada município.
Há condomínios que permitem a entrada desses trabalhadores, desde que limitada a um entregador por bloco; e outros que orientam os moradores a buscar as encomendas na portaria, como é o caso da APSA.
— O importante é evitar contatos desnecessários para a segurança de todos — ressalta Edgar Poschetzky.
Nos condomínios gerenciados por David Santos, foi criada uma vaga específica na garagem para entregadores e outros prestadores de serviços, de forma a não deixá-los expostos do lado de fora e evitar que os moradores tenham que sair do condomínio para receber os pedidos.
— Eles estacionam a moto, e os moradores buscam seus pedidos na garagem. Assim, minimizamos o trânsito de pessoas que vêm da rua nas áreas comuns do condomínio.
No caso de um edifício gerenciado por Charles Costa, os próprios moradores pediram que as encomendas fossem entregues na portaria. Em outro, máscaras são distribuídas para os entregadores, e eles são solicitados a usar álcool em gel na entrada do condomínio.
— Quando o prédio distribui máscaras de proteção para o prestador de serviço, demonstra preocupação com o trabalhador e com o morador. A conscientização não pode ser apenas de quem mora, mas também de quem presta serviços e tem acesso aos condomínios.
Fonte: Extra – Castelar
Imagem: FreePik