O que você precisa saber antes de fechar contrato de aluguel em 2021
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 14/04/2021
Locação
Os debates sobre o valor do aluguel em 2021 voltaram à tona, depois de um 2020 apertado nas contas domésticas. O IGP-M, um dos principais índices que reajusta o valor da locação de imóveis, encerrou o ano com alta acumulada de 23,14%, a maior variação anual desde 2002. Uma diferença que tem pesado no bolso em meio aos cortes salariais e demissões na pandemia.
A movimentação já tem consequências políticas: o debate sobre correções no valor do aluguel retornou para a Câmara dos Deputados em 2021. O Projeto de Lei 631/21, de autoria do deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), quer suspender qualquer reajuste de aluguel até dezembro de 2022.
Mas, no meio de toda essa articulação, o que é preciso saber antes de procurar um novo endereço? O iDinheiro ouviu especialistas para saber como mudar de casa sem gastar tanto.
O que é IGP-M, IPCA e porque ficar atento às mudanças
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) balizam os reajustes de aluguel. Isso porque refletem, de alguma forma, a inflação do país a cada 12 meses.
A regulação, inclusive, está detalhada na Lei No 8.245/1991, conhecida como Lei do Inquilinato. É uma forma para que, mesmo com mudanças cambiais, o valor de locação permaneça adequado à realidade dos moradores e dos proprietários.
A diferença entre os índices é a metodologia de cálculo. Enquanto o IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), considera o valor das matérias-primas utilizadas na produção agrícola, industrial e construção civil, o IPCA, estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), calcula os preços com base em uma cesta de bens determinada para famílias com renda de até 40 salários mínimos.
Os dois índices são os mais usados nos contratos de renovação. “Além do IGP-M e do IPCA, também são utilizados o INPC e alguns poucos o INCC”, explica o gestor de imóveis da APSA Imobiliária, Jean Carvalho.
O INPC, calculado pelo IBGE, é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Ele mede a variação de preços para o consumidor no país. Já o INCC (sigla para Índice Nacional de Custo de Construção) é estimado pela FGV e mede os custos dos materiais utilizados em construções habitacionais.
E como isso impacta no aluguel em 2021?
Significa que qualquer alteração nos indicadores reflete no valor final pago pelo inquilino. Mesmo que o IGP-M seja o vilão da vez, historicamente, nem sempre foi ele quem trouxe o aperto no fim do mês.
A variação dos dois era bem parecida “Ele explodiu porque commodities e desvalorização cambial fizeram com que ele subisse muito”, conta o economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV, André Bráz.
Mas, apesar de mais comuns, nenhum dos dois índices refletem necessariamente as necessidades do mercado imobiliário, segundo o coordenador do índice FipeZap, Bruno Teodoro Oliva,
“A discussão fica entre IGP-M e IPCA porque hoje ele está relativamente baixo em relação ao IGP-M. Existem outros índices que medem a variação do mercado imobiliário”, afirma. O FipeZap calcula mensalmente, milhões de anúncios de venda e locação para imóveis residenciais e comerciais.
Dicas para negociar o aluguel em 2021
Enquanto o cenário é de crise financeira, a saída está na ponta da língua. Conversar com a imobiliária e encontrar um lugar comum para ambas as partes é o ideal. Especialistas ouvidos pelo iDinheiro deram dicas de como negociar o valor do aluguel.
Confira:
1. Pesquise
Achou o valor de um aluguel muito alto? Procure por imóveis similares. É comum achar uma oportunidade mais em conta na mesma localização. Às vezes, até na mesma rua ou no mesmo condomínio.
O ideal é utilizar a mediação de imobiliárias, pelo catálogo de opções.
2. Calcule os gastos extras
O aluguel não é a única despesa do dia a dia. Por isso, ao escolher um imóvel, sempre leve em consideração a região em que ele se encontra. Fica distante do trabalho ou da escola das crianças? Melhor procurar uma opção um pouco mais cara, mas melhor localizada.
3. Conheça a região para o aluguel em 2021
Procure saber como estão as taxas de vacância no bairro de seu interesse. A taxa de vacância é a quantidade de imóveis vazios disponíveis em uma locação.
A informação é um trunfo para propor um valor menor: quanto mais tempo um imóvel fica vago, maior são os custos pagos pelo proprietário. Saber como está a concorrência abre espaço para negociação.
4. Mostre suas intenções
Seja sincero sobre a sua situação financeira. Mostre que tem a segurança necessária para ficar no imóvel a longo prazo.
5. Fique atento ao contrato
Leia todo o contrato e tire dúvidas, principalmente, sobre a taxa de reajuste anual. Caso ela não esteja adequada ou não seja muito clara, apresente o problema ao proprietário antes de fechar o acordo. Sempre há espaço para futuras negociações, mas é importante estar precavido sobre possíveis novos valores.
No Brasil, o artigo 18 da Lei do Inquilinato abre espaço para que ambas as partes modifiquem “de comum acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste”. Caso nenhuma solução seja encontrada, locador e proprietário podem levar o reajuste para Justiça.
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Fonte: iDinheiro
Imagem: FreePik