Quais os planos para as novas prefeituras do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador?
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 26/01/2021
Cidades
2021 começa com novas gestões em várias cidades pelo país afora. Quais serão as prioridades em três das principais capitais: Rio, São Paulo e Salvador?
O ano de 2021 começa com novos mandados em prefeituras por todo o Brasil. Em meio à crise econômica, agravada pela pandemia, cabe à administração pública redobrar esforços para recuperar os setores atingidos, entre eles, o imobiliário.
Atrair moradias para o Centro do Rio e a reestruturação da Zona Norte
No Rio de Janeiro, o arquiteto e urbanista Washington Fajardo assumiu a Secretaria de Planejamento Urbano. Segundo ele, a primeira medida que será tomada pelo novo governo na área é a recuperação das áreas central e do porto da cidade.
“A pandemia tem sido drástica para o Centro do Rio, destruindo o comércio de rua e os serviços da região. A minha meta é atrair moradias para essa área, ocupada majoritariamente por serviços. Vamos fazer com que as pessoas se interessem em morar mais perto do trabalho. Além disso, temos que cuidar muito bem das áreas em que já há habitações, como a região da Praça da Cruz Vermelha, a Cidade Nova e a Rua do Riachuelo”, explica Fajardo.
Ele acrescenta que existem atualmente grandes vazios industriais na região central: “O porto tem mais de 200 hectares e precisa ser muito melhor aproveitado. A ideia é ter uma ação do estado, mas de uma forma que permita que o mercado faça as transformações acontecerem. Temos que apoiar os movimentos por moradia na região e proteger aquelas pessoas que já têm onde morar”, completa.
Além disso, o secretário planeja uma reestruturação da Zona Norte, que vem sofrendo um processo de degradação nos últimos anos: “Temos que investir na estrutura desses bairros, aumentando a área verde, por exemplo, e fazendo com que eles voltem a oferecer uma boa qualidade de vida como já tiveram no passado. É primordial fazer isso e impedir o espalhamento da cidade em direção à Zona Oeste, o que representa um risco ambiental e um desequilíbrio fiscal. A cidade não pode avançar para áreas que sequer contam com transporte público. O que eu quero é mitigar riscos e ampliar oportunidades. Se a gente consegue fazer isso, temos um bom balanceamento, com mais empregos e toda a cidade se movendo adiante. O meu sonho é que a gente consiga produzir um Rio de Janeiro sem grades”, frisa.
Sistema de transporte público aquático, novos parques e moradias populares estão nos planos para São Paulo
Em São Paulo, a capital econômica do país, a prefeitura será comandada por Bruno Covas em seu segundo mandato. No plano de governo apresentado por ele durante a campanha eleitoral, estão descritas uma série de propostas para as áreas de habitação e planejamento urbano.
Com relação às moradias, por exemplo, o programa destaca: “As novas formas de incentivo e financiamento para produção ou aquisição de moradias, sobretudo para população de baixa renda, criadas pela nossa gestão irão multiplicar seus resultados nos próximos quatro anos, com a entrega gradual das 70 mil moradias já viabilizadas, parte delas com investimento privado. As ações de urbanização de favelas levarão mais segurança, tranquilidade e conforto para mais de 14 mil famílias que vivem em comunidades da cidade. O maior programa habitacional que a cidade já viu também vai dinamizar o mercado de trabalho e ajudar a recuperar a economia no pós-pandemia, com geração de mais de 49 mil empregos diretos.
Em relação ao transporte público, o plano é investir na integração dos diferentes modais de transporte. “Vamos inovar criando o Aquático, sistema de transporte público por barcos nas represas da cidade, integrado ao Bilhete Único”, destaca o prefeito.
Já com relação à questão ambiental, o plano é buscar frear a degradação dos recursos naturais e remunerar de forma mais justa os diferentes atores das cadeias de produção. “Nos próximos quatro anos, São Paulo vai continuar ampliando suas áreas verdes, seja por meio da expansão de praças e parques, seja pelo plantio de uma média de 100 mil mudas por ano. A cidade vai ganhar novos parques, como o Augusta e o Paraisópolis. Vamos colocar ainda mais esforços na manutenção de praças, parques e espaços de convivência ao ar livre, recapeamento de vias, readequação e recuperação de mais novos 1,5 milhão de m2 de calçadas”, informa.
Comércio e serviços dentro dos bairros e urbanização de favelas são prioridades em Salvador
Em Salvador, a prefeitura será comandada nos próximos quatro anos por Bruno Reis, que faz parte do mesmo grupo político da administração anterior. Em seu plano de governo, ele apresentou uma série de propostas para as áreas públicas e privadas da cidade. Uma delas, por exemplo, é a urbanização das favelas e bairros populares construídos de forma desordenada.
“A administração irá deflagrar um consistente programa de obras de urbanização, como tal entendida, no âmbito da infraestrutura, a regularização das ruas, pavimentação, readequação urbana, microdrenagem, abastecimento de água, esgotamento sanitário, calçadas, iluminação pública, arborização e projetos habitacionais, além da ampliação dos serviços de transporte e limpeza urbana”, informa.
Outra proposta é estimular a instalação de pontos comerciais e de serviços no interior dos bairros: “Trata-se aqui de promover a resolução de dois problemas: facilitar o abastecimento dos moradores, em relação aos bens de conveniência – aqueles que se tem de adquirir dia sim, dia não, para o abastecimento alimentar e necessidades básicas das famílias – mas também de gerar oportunidades locais de trabalho e renda para parte dos moradores. As soluções habitacionais devem comportar a viabilização de algum tipo de comércio na frente da residência e moradia nos fundos, ou comércio no térreo e moradia em pavimentos superiores, além de pura e simplesmente estimular lotes comerciais e de serviços no interior dos bairros populares”, destaca o plano.
A gestão prevê, ainda, uma grande atenção a programas habitacionais: “Visando reduzir o grande déficit habitacional da cidade, superar a precariedade habitacional existente e otimizar a localização dos novos conjuntos habitacionais em relação ao tecido urbano, a administração vai procurar atrair os projetos de habitação popular e de interesse social para os vazios urbanos encontrados na vasta área do “miolo”, especialmente ao longo do eixo das avenidas 2 de Julho, Gal Costa e 29 de Março, que são áreas urbanizadas e infraestruturadas”, frisa.