Gabriel Menezes
Seja por uma questão de sustentabilidade ou o interesse por novas tecnologias, os veículos movidos à bateria elétrica são uma realidade cada vez mais presente no dia a dia das ruas das cidades brasileiras. De acordo com os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), só em 2018 foram emplacados 3.970 veículos movidos à bateria. O número representa um crescimento de 72% em relação ao índice de dois anos anteriores. Já a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) estima que em 2030 haverá uma frota de um milhão de veículos elétricos circulando por todo o Brasil.
Diante deste cenário, é imprescindível que os condomínios com garagens estejam preparados para lidar com a nova realidade. De acordo com Paulo Maisonnave, diretor de Infraestrutura da ABVE, muitas soluções e oportunidades já foram desenhadas para dar comodidade e economia para os condôminos. “De forma geral, os condomínios no Brasil têm todas as condições técnicas para se adaptar a esta nova tecnologia. Os veículos elétricos consomem energia da mesma forma que qualquer outro aparelho eletroeletrônico, como um ar-condicionado, geladeira ou chuveiro elétrico, por exemplo. Não são necessárias grandes adaptações na infraestrutura de instalação. Os carregadores de veículos elétricos podem ser instalados nas vagas de estacionamento com uma infraestrutura dedicada com proteção e controle adequados”, explica o diretor da ABVE.
Segundo ele, a maioria dos consumidores adquire os carros já com o equipamento de recarga. A partir daí, ele é instalado na sua vaga privativa conectado ao seu relógio de medição de distribuidora de energia. Os custos de instalação e de uso neste caso são todos do proprietário do veículo elétrico. “Uma outra opção é a instalação de carregadores pelo condomínio para uso comum dos condôminos interessados. Neste caso, os custos de instalação podem ser divididos entre os interessados ou entre todos os condôminos e seu uso cobrado de acordo com o que cada um usar, controlado por meio de cartões”, comenta Maisonnave.
Ele diz que a maior dificuldade enfrentada hoje pelo segmento é justamente o desconhecimento das pessoas sobre a forma como funciona e é cobrada a energia utilizada para carregar os veículos nos condomínios: “A principal barreira é a quebra de paradigma de uma nova tecnologia e a correta negociação entre condomínio e condôminos para que fique clara a utilização e custos associados.
Brasil é um grande mercado do segmento
As empresas fabricantes de veículo movidos à bateria elétrica enxergam o Brasil como um excelente lugar para o crescimento dos seus negócios. A afirmação é de Paulo Maisonnave, diretor de Infraestrutura da ABVE: “O Brasil é um grande e potencial mercado para a mobilidade elétrica por sua economia, matriz de energia renovável e cultura de uso de automóveis. As montadoras estão se adaptando cada vez mais para oferecer estas soluções aos clientes.
Segundo ele, a frota tem crescido principalmente nas grandes cidades e o estado de São Paulo contempla cerca de 30% dos veículos elétricos em circulação pelo país. “Grandes empresas, órgãos públicos e consumidores estão interessados no uso da mobilidade elétrica dada a tecnologia, eficiência, sustentabilidade e economia da solução. Por isso, as previsões são muito animadoras”, destaca.
Além dessas vantagens, ele acrescenta que o governo vem trabalhando para incentivar o setor. Em 2018, por exemplo, foi aprovada a Lei 13.755/18, conhecida como Rota 2030, que estabelece a política industrial para o setor automotivo no país nos próximos anos. “No programa, foram definidos impostos diferenciados para importação e industrialização dos veículos elétricos. Algumas cidades dão, ainda, incentivos como isenção de rodízio, IPVA e vagas para estes veículos”, conclui o diretor da ABVE.
Mercado imobiliário atento à tendência
Muitos dos novos empreendimentos imobiliários já são entregues com as adaptações necessárias para se carregar um veículo elétrico de forma com que a cobrança seja feita de forma individual ao usuário. De acordo com Jomar Monnerat, diretor do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário, apesar do número de adeptos ao modelo ainda ser pequeno quando comparado à frota movida a combustíveis tradicionais, a tendência é de que o número cresça bastante nos próximos anos. Por isso, um empreendimento que esteja apto a atender essa demanda acaba sendo bastante valorizado. “Acreditamos que a tendência do futuro é que todos os carros serão elétricos ou híbridos. Atualmente, já temos um pequeno percentual da população que usa esse tipo de veículo. E por acreditarmos nessa tendência, entregamos pontos de recarga para carros elétricos em alguns dos nossos novos empreendimentos no Rio de Janeiro, nos bairros de Laranjeiras, Botafogo e Flamengo”, diz.
Com 160 unidades – sendo 150 residenciais e 10 lojas -, o Condomínio Manhattan Square, em Belo Horizonte – administrado pela APSA -, também possui um sistema de carregamento de veículos elétricos, que pode ser usado coletivamente por qualquer condômino. De acordo com Danielle Belico, coordenadora condominial da APSA, o interessado em utilizar o sistema precisa apenas solicitar o cartão de liberação com a equipe da administração do condomínio e, após a utilização, o consumo de energia ficará registrado no sistema para posterior cobrança em boleto. “Existe um link que demonstra todo o consumo individualizado”, explica Danielle.
Ela ressalta que o equipamento foi entregue juntamente com o empreendimento e que a manutenção é feita pela mesma empresa responsável por toda a automação do prédio.
Alternativa é de fácil adaptação
Morador do Condomínio Mandala, na Barra da Tijuca, o empresário Marcelo Geraldi comprou um veículo elétrico em outubro do ano passado. “Para mim, foi uma questão de coerência e princípios. Tenho um estilo de vida que privilegia o respeito ao meio ambiente e o consumo de produtos orgânicos. Sou vegetariano assim como toda a minha família. E, além disso, tenho placas solares para captar energia limpa”, explica.
Ele diz que, apesar de o condomínio não ser adaptado para recarregar esse tipo de veículo, não houve qualquer dificuldade para a instalação. “O carregador veio no pacote do carro. Fizeram uma instalação conectada diretamente à minha caixa de entrada de energia. É só plugar no carro e deixar carregando pela noite”, explica Marcelo.
Ele afirma que uma recarga gera mais ou menos 250 km de uso. “Faço uma recarga por semana e ainda não percebi um impacto significativo na minha conta de luz. Fora a questão da proteção ao meio ambiente, o veículo tem uma excelente performance e dirigibilidade, além do conforto de não precisar ir ao posto de gasolina e abastecer em casa”, destaca. Ao mesmo tempo, ele acrescenta, o modelo ainda traz algumas limitações: “Ainda existem poucos pontos de recarga na rua. Não posso viajar com o carro por exemplo.
Investimento em estações de recarga vem crescendo
Fora a possibilidade de recarregar o veículo elétrico em casa, os investimentos em pontos de recarga nas ruas vêm aumentando para permitir que os motoristas consigam fazer viagens de longa distância. Em 2018, por exemplo, foi inaugurado na Rodovia Presidente Dutra, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, o maior corredor de pontos de carregamentos de veículos elétricos da América Latina.
A iniciativa foi uma parceria entre a empresa EDP e o BMW Group Brasil, com apoio da Ipiranga. De acordo com a EDP, o projeto recebeu cerca de R$ 1 milhão em investimentos totais para a instalação de seis equipamentos de carregamento rápido localizados em postos de combustível, num trecho de aproximadamente 430 quilômetros entre as duas capitais.
Com o objetivo de assegurar total autonomia aos veículos eletrificados, as estações de recarga rápida foram posicionadas a uma distância máxima de 122 quilômetros entre si. O tempo estimado para o abastecimento de um veículo com bateria de 22kWh é de 25 minutos para 80% da carga. O abastecimento pode ser feito por até dois veículos ao mesmo tempo em cada estação. Para carregar, basta conectar o automóvel ou motocicleta, seja elétrico ou híbrido, e iniciar as operações no painel do carregador.
Quando o assunto é veículo elétrico, é importante saber:
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Só em 2018, foram emplacados 3.970 veículos movidos à bateria. O número representa um crescimento de 72% em relação ao índice de dois anos anteriores;
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A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) estima que, em 2030, haverá uma frota de um milhão de veículos elétricos circulando por todo o Brasil;
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De forma geral, os condomínios no Brasil têm todas as condições técnicas para se adaptar a esta nova tecnologia. Os veículos elétricos consomem energia da mesma forma que qualquer outro aparelho eletroeletrônico, como um ar-condicionado, geladeira ou chuveiro elétrico, por exemplo;
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Os carregadores de veículos elétricos podem ser instalados nas vagas de estacionamento com uma infraestrutura dedicada com proteção e controle adequados;
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A maioria dos consumidores adquire os carros já com o equipamento de recarga. A partir daí, ele é instalado na sua vaga privativa conectado ao seu relógio de medição de energia. Os custos de instalação e de uso neste caso são todos do proprietário do veículo elétrico;
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Uma outra opção é a instalação de carregadores pelo condomínio para uso comum dos condôminos interessados. Neste caso, os custos de instalação podem ser divididos entre os interessados ou entre todos os condôminos e seu uso cobrado de acordo com o que cada um usar, controlado por meio de cartões