A tecnologia como aliada do dia a dia
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 13/10/2020
Tecnologia
Gabriel Menezes
Um cenário que até há alguns anos remeteria mais a um filme de ficção científica do que ao mundo real vem se tornando cada vez mais popular no setor imobiliário. São os condomínios inteligentes, que contam com sistemas de automação que otimizam elementos como iluminação, abastecimento de água e segurança. Por trás dessa revolução está o conceito de Internet das Coisas (IoT), que permite que os gestores controlem tudo por meio dos seus celulares ou computadores. “IoT é a internet indo além dos computadores e smartphones e avançando para aparelhos eletrônicos, ferramentas, carros e eletrodomésticos do nosso dia a dia. Além das casas inteligentes, outras áreas que estão em franca expansão são as fábricas conectadas, condomínios e escritórios inteligentes, onde a Internet das Coisas traz velocidade na informação, controle à distância, economia de energia, segurança e redução no impacto ambiental das empresas”, explica o especialista em tecnologia da informação Fábio Palmeira, responsável pelo setor de interatividade digital numa multinacional em São Paulo.
Segundo ele, a tendência é que o acesso a essas tecnologias sejam ampliadas nos próximos anos: “Há 10 anos, ou seja, muito recentemente, não tínhamos esse acesso a smartphones como hoje. Graças ao barateamento e ao surgimento de diversas linhas com diversos preços, o smartphone já é um aparelho amplamente adotado em praticamente todas as camadas sociais. O mesmo já está ocorrendo com os aparelhos inteligentes e eles já começam a aparecer no mercado. Nos próximos dez anos, uma geladeira ou um carro popular conectados à internet serão muito acessíveis”, frisa.
Com relação aos condomínios, o especialista destaca as tecnologias voltadas para a economia de energia, segurança e conforto. “Uma simples lâmpada conectada hoje te informa sobre gastos excessivos e também pode ser controlada por comando de voz à distância. Com um sistema de climatização integrado, através da combinação de sensores, pode-se aproveitar melhor a luz e a temperatura natural do nosso Sol, reduzindo o impacto ambiental e economizando energia. Uma válvula de gás inteligente irá te alertar pelo celular em caso de vazamento (ou esquecimento do fogão aberto) e fechar automaticamente o registro, mitigando riscos de incêndio. A aplicabilidade é extensa e as possibilidades são infinitas ao combinarmos sensores, controles, dados, inteligência artificial à computação em nuvem aos projetos de IoT, essa nova onda tecnológica irá participar cada vez mais do nosso dia a dia”, conclui.
Crise econômica aumentou a demanda por tecnologias que geram economia
Como qualquer outro ramo, o setor imobiliário vem sendo afetado diretamente pela evolução constante da tecnologia e o conceito de Internet das Coisas. A automação predial vem se popularizando e já pode ser adotada de forma completa ou parcial em empreendimentos residenciais e comerciais. “O mercado tem evoluído bastante nos últimos anos. O Brasil teve um grande destaque na construção de edifícios inteligentes. A crise econômica gerou uma grande demanda por condomínios com maior eficiência no consumo de energia elétrica e água, visando a redução de custos gerais”, afirma Marcello Giglio Rocha, diretor executivo da Intelligent Building Technology Company (IBTC), empresa especializada em automação.
Outro segmento que vem se expandindo, de acordo com o diretor, é o dos retrofits. A técnica é definida como a remodelação ou atualização de edifício antigo ou de sistemas internos por meio da incorporação de novas tecnologias e métodos. Para síndicos de condomínios com essa característica, pode ser uma boa solução não só para melhorar a qualidade de vida dos moradores, mas para valorizar os imóveis.
Segundo Rocha, entre as funcionalidades mais procuradas hoje pelos clientes estão o sistema de controle de iluminação, ar-condicionado, bombas e reservatórios, medição hídrica e o acesso e gerenciamento de elevadores. “O Investimento em automação é o melhor caminho para redução de custos operacionais de curto e longo prazo, pois além de gerar maior eficiência, feita com bom planejamento e projeto, permite reduções significativas nas contas de energia, água, manutenção e com o pessoal. Em edifícios antigos, pode ser a única alternativa para mantê-lo competitivo no mercado”, destaca o diretor.
Ele acrescenta que, quando se trata de um condomínio residencial, apesar de o orçamento geralmente ser mais restritivo, o interesse também vem crescendo: “Um bom projeto em automação de equipamentos, controles de acesso e gestão de sistemas oferece, em curto espaço de tempo, não só reduções de custos operacionais como também a capacidade de planejamento mais assertivo. A nossa empresa por exemplo, faz a manutenção e operação técnica dos edifícios. Além disso, possuímos uma central de operação remota para monitorarmos os empreendimentos 24 horas por dia. É difícil falar em estimativas de preço, pois, é preciso, antes de qualquer coisa, fazer uma análise das características do local. O fato é que o investimento retorna em pouco tempo com a economia promovida”, diz.
Segmento vem recebendo altos investimentos
O investimento em tecnologias de automação vem crescendo exponencialmente no Brasil. A afirmação é do empresário Rodrigo Robledo, fundador de uma aceleradora de startups (empresas emergentes em fase de crescimento) com sede no Rio de Janeiro. “A pesquisa em tecnologia, aqui no Brasil, tem acesso a investimentos que por vezes ultrapassam a ordem de R$ 1 bilhão. Muitas iniciativas avançam a passos firmes para desenvolver automações mecânicas e digitais integradas à internet, sempre com o foco em oferecer soluções para serviços e processos domésticos e de empresas”, afirma o empresário.
Segundo ele, em breve serão popularizados itens como, por exemplo, câmeras de segurança que não apenas filmam, mas também ouvem, medem temperatura e reportam alertas. “Acredito que os custos no setor já tenham melhorado, mas certamente nos próximos anos vão se tornar cada vez mais acessíveis. Tomo como exemplo a energia solar, apesar de não ser necessariamente do segmento de IoT. Há alguns anos, havia poucas empresas comercializando as placas e os preços eram bem altos. Hoje, a matemática de médio prazo já prova a economia com a utilização solar”, comenta Robledo.
Ele ressalta, no entanto, que o Brasil ainda possui altos impostos e taxas para o acesso aos equipamentos de tecnologia e poucos serviços de logística eficientes, o que torna a curva evolutiva da IoT um tanto quanto lenta, se comparado a países economicamente mais fortes como Japão, China, EUA, Alemanha e Inglaterra. “Nós brasileiros, ao mesmo tempo, estamos dando saltos para o topo do mundo. Cientistas e engenheiros de tecnologia brasileiros são líderes de grandes empresas e de grandes produtos no cenário mundial”, destaca.
Unificação dos controles é vantagem
No Condomínio Corporate Executive Offices (CEO), na Barra da Tijuca, os sistemas de automação já são uma realidade. Entre eles, estão controles de ar condicionado, iluminação, pressurização de escadas, ventilação e exaustão, monitoramento de bombas de pressurização de água potável, geradores, além de toda a parte de segurança. “A principal vantagem é ter o controle e visualização, em rede, da maioria dos sistemas em um único ambiente de forma a maximizar a operação”, afirma João Luiz Gomes, gerente do empreendimento.
Para possibilitar economia de energia aos edifícios, o sistema elétrico oferece, ainda, uma entrada de média tensão para as áreas comuns e outra, de baixa tensão, para atender a área dos escritórios. O empreendimento conta ainda com grupos geradores para a área comum do empreendimento, que desempenham funções específicas em casos de emergência. “A minha dica para um gestor que busca implementar a automação no seu empreendimento é prezar pela contratação de empresas idôneas e com know-how na tecnologia aplicada, bem como se preocupar com a manutenção preventiva dos sistemas”, conclui.
A automação como uma aliada no dia a dia
Os sistemas de automação já são uma realidade na vida diretor de cinema, teatro e televisão Régis Faria. Ao construir a sua casa, ele resolveu implementar a tecnologia para tornar a aumentar a praticidade na sua rotina. “Acabei automatizando o sistema hidráulico, o que me dá muito conforto e dispensa a contratação de uma pessoa para fazer o que o sistema faz. Por exemplo, a filtragem da água da piscina é feita automaticamente, não me preocupo em ter que ligar e desligar a bomba diariamente, além de poder fazê-lo de longe, pelo celular, caso queira modificar a programação. Tenho também a iluminação de parte da casa nesse sistema, o que me permite ter várias combinações diferentes dessa iluminação previamente programadas. Posso ter uma luz para jantar, outra mais intimista e por aí vai, podendo apagar e acender as luzes pelo celular”, afirma.
E, para aqueles que pretendem adotar os sistemas na residência, Faria aconselha que, antes de qualquer coisa, façam pesquisas para entender os benefícios da automação. “caso estejam em dúvida do quanto irão automatizar, que comecem por uma parte da casa para experimentar, obviamente deixando os outros setores preparados para receberem o sistema no futuro, porque uma vez que experimentarem, fatalmente irão querer fazer uso em toda residência”, aposta o diretor.
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Sobre a automação predial, deve se saber:
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Por trás dessa revolução está o conceito de Internet das Coisas (Iot), que permite que os gestores controlem tudo por meio dos seus celulares ou computadores.
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Com relação aos condomínios, as tecnologias voltadas para a economia de energia, segurança e conforto vêm se destacando;
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A pesquisa em tecnologia, aqui no Brasil, tem acesso a investimentos que por vezes ultrapassam a ordem de R$ 1 bilhão. Muitas iniciativas avançam a passos firmes para desenvolver automações mecânicas e digitais integradas à internet, sempre com o foco em oferecer soluções para serviços e processos domésticos e de empresas;
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No entanto, o Brasil ainda possui altos impostos e taxas para o acesso aos equipamentos de tecnologia e poucos serviços de logística eficientes, o que torna a curva evolutiva da IoT um tanto quanto lenta, se comparado a países economicamente mais fortes como Japão, China, EUA, Alemanha e Inglaterra.