Verde o ano todo
Por Cidades e Serviços
Última atualização: 07/09/2015
Edição 222 Set/Out 2015, Edições
Mário Camelo
Quem não gosta de acordar pela manhã com o ruído dos passarinhos, ou de escutar o chiado das cigarras no verão ou mesmo sair de casa e dar de cara com uma paisagem verde e muitas flores. A verdade é que não é necessariamente obrigatório morar no campo ou afastado das grandes metrópoles para viver essa experiência. É possível sim morar em um condomínio num grande centro urbano e ter um jardim verde e florido.
Você, síndico, deve estar se perguntando: “Mas como isso é possível?”. Ou mesmo pensando: “A manutenção deve ser caríssima!”; ou então “Isso é muito complicado de fazer!”. A resposta para esses questionamentos é: depende. Cada vez mais, os síndicos estão recorrendo a profissionais especializados para elaborarem juntos jardins mais práticos, de fácil manutenção, com projetos não muito custosos e que se adaptem facilmente às condições dos edifícios.
A paisagista Beatriz de Santiago é especialista em áreas externas e diz que muitos edifícios a procuram depois de algumas tentativas malsucedidas de fazer jardins por conta própria. “Muitas vezes o próprio porteiro diz que entende e outras vezes, os síndicos se aventuram indo a lugares especializados como a CADEG (grande centro carioca de venda de plantas e flores). Mas eu sempre gosto de explicar que a economia feita inicialmente pode ir se tornando um ônus posteriormente, já que muitas vezes o jardim terá que ser refeito ou reparado”.
É de senso comum que o jardim é o cartão de visitas do condomínio e certamente valoriza muito o imóvel na hora de alugar ou vender. Quanto às plantas ideais, não há muitas regras, desde que elas sejam adequadas ao espaço indicado. No entanto, as mais comuns para edifícios são tipos imponentes como o sagu ou as agaves, sempre mescladas com outras um pouco menores e que sejam práticas e fáceis de cuidar.
A profissional explica ainda que ter um sistema de irrigação automatizado é uma solução para quem não quer ter muito trabalho, pois não adianta ter um projeto lindo e não cuidá-lo depois. “Com o sistema, não há necessidade de disponibilizar um funcionário para realizar a rega do jardim e, além disso, ainda tem a economia de água, já que muitas vezes, há muito desperdício durante a rega”.
Ela cita ainda uma tecnologia nova, na qual os síndicos podem ver em uma projeção com fotomontagens como poderia ficar o jardim de seus condomínios: “Os moradores conseguem visualizar o resultado do jardim indicado por meio de fotomontagem. Com essa nova tecnologia, os clientes ficam muito mais satisfeitos porque não têm surpresas e é exatamente o que foi apresentado. Eles já começam a sonhar com um novo e lindo jardim. E o prazo de cumprimento dos projetos costuma ser rápido também. Com cerca de 15 ou 20 dias, já pode ficar pronto”.
Quando assumiu o cargo de síndica de um condomínio de 22 unidades localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas há dois anos, a arquiteta Maria Antônia de Orleans e Bragança Moreira tinha pela frente um grande desafio: após uma obra de impermeabilização feita pela gestão anterior, encontrou um jardim totalmente destruído. Como boa arquiteta, quis dar um “jeitinho” na situação. Para tal, decidiu buscar ajuda profissional.
“A ideia era justamente criar um projeto e plantar o que fosse mais adequado para cada espaço. Isso é importantíssimo. Ao mesmo tempo, eu queria uma coisa bem prática, com plantas que não soltassem muitas folhas e não atraíssem bichos, insetos e morcegos”. A síndica optou por um jardim que, mesmo não tendo muitas flores, está sempre lindo e verde o ano inteiro. “Alguns moradores chegaram a pedir que o jardim fosse mais florido. Claro, quem não gosta de um jardim vistoso e colorido? Mas a verdade é que as flores nascem sim em algumas épocas e em outras não. O importante é que o espaço seja saudável o ano todo”.
Durante o primeiro ano, Maria Antônia seguiu com uma empresa especializada para fazer a manutenção. E agora, com a chegada do síndico novo, Eduardo Lopes, a gestão ficará a cargo de um jardineiro contratado. “Vamos testar para ver como se sai. A verdade é que não existe uma fórmula ideal de manutenção. Desde que seja bem feita, prática e barata, está valendo”, diz ele.
Quanto às estações, os cuidados devem ser especiais o ano todo, especialmente no verão, pois o clima tropical castiga mais as plantas. O condomínio de Maria Antônia, por exemplo, perdeu um canteiro no último verão. Não que o cuidado o a rega foram displicentes, mas devido à falta de água da estação, foi necessário escolher entre o fornecimento do prédio ou a rega total do jardim. “A verdade é que os verões estão cada vez mais fortes e nesta situação, tivemos que optar, infelizmente”.
A paisagista Beatriz de Santiago explica um pouquinho dos cuidados que devem ser tomados com o jardim em cada estação, especialmente no verão: “Certamente no verão, que está cada vez mais rigoroso, especialmente no Rio de Janeiro, as plantas vão precisar de muito mais água do que no inverno. No entanto, no outono e no inverno elas ficam muito suscetíveis a fungos e pragas. É um período de observação e cuidados especiais. Já a Primavera é uma estação muito boa para as plantas, elas saem de períodos em que pouco se desenvolvem e começam a florescer, é uma fase boa para adubações e podas de algumas espécies”, detalha.
BENEFÍCIOS CIENTIFICAMENTE COMPROVADOS
Estudos realizados em 2014 por pesquisadores ingleses e finlandeses da Universidade de Exeter Medical School, no Reino Unido, mostram que pessoas que vivem próximas da natureza têm uma saúde melhor do que moradores de grandes centros urbanos. A pesquisa aponta ainda que não é necessário viver “no meio do mato” para aproveitar estes benefícios das áreas verdes. Frequentar o parque perto de casa ou ter um jardim bem cuidado também rendem vantagens à mente e ao corpo, além de aliviar o estresse.
“Esses resultados são importantes para os planejadores urbanos que trabalham com a introdução de novos espaços verdes nas vilas e cidades. As descobertas sugerem que até mesmo visitas de curto prazo a áreas naturais têm efeitos positivos em relação ao alívio do estresse”, cita o texto da pesquisa.
Segundo o engenheiro e ambientalista Ernesto Trodiggliani, docente da Universidade de Córdoba, as árvores e os jardins nos condomínios ainda trazem benefícios como a diminuição da temperatura média, possibilitam mais sombra e lazer, servem de abrigo para pássaros, minimizam os níveis de ruídos, melhoram a qualidade do ar, reduzem a velocidade dos ventos e, claro, embelezam o condomínio. “A pergunta a ser feita é: se traz tantos benefícios, por que não fazer um jardim em nossas casas e condomínios? Tem que pensar em longo prazo, sempre”, conclui.
DICAS PARA A PRIMAVERA
A primavera está quase chegando e a paisagista Beatriz de Santiago dá algumas dicas bem simples para ter um jardim ainda mais bonito durante a estação. Confira:
– A primavera é uma boa época para fazer adubações. Aproveite!;
– Use o fertilizante NPK 4-14-08 para flores e NPK 10-10-10 para folhagens;
– É um bom momento para mexer a terra também;
– Aproveite a primavera ainda para fazer o plantio e o transplante de mudas em vasos e canteiros;
– Faça uma limpeza no jardim e aproveite para retirar todas as ervas daninhas;
– Dentre outras opções de plantas lindas para enfeitar a casa, as orquídeas e azaleias são indicadas pela exuberante floração na primavera.