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Retrofit: o antigo em boa forma

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 24/11/2014
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 Texto: Aline Durães

Ainda desconhecido por muitos, o Retrofit vem ganhando espaço junto aos condomínios que desejam modernizar estruturas e instalações sem comprometer a história e a memória da unidade. O termo, em tradução livre “pôr o antigo em boa forma”, se refere a uma prática que ganhou o mundo por aumentar a vida útil de prédios antigos, de forma customizada e mantendo o patrimônio arquitetônico do projeto original.

Na prática, o Retrofit preserva o que há de bom no condomínio e revitaliza as áreas carentes de reformas — que podem ir desde elevadores até a fachada do edifício, adequando-as às leis e exigências vigentes e atualizando-as ao que existe de mais moderno no mercado da construção. “A preservação dos bens históricos de uma cidade é fundamental para transmitir os saberes para uma futura geração: o saber construir, o saber morar. O Retrofit difere substancialmente da simples restauração, que consiste na restituição do imóvel à sua condição original, ou da reforma, que visa à introdução de melhorias, sem compromisso com suas características anteriores. Ele tem o objetivo de revitalizar antigos edifícios, aumentando sua vida útil, por meio da incorporação de tecnologias modernas e utilização de materiais avançados, preservando o patrimônio histórico ao mesmo tempo em que permite a utilização adequada do imóvel”, explica o arquiteto Marcos Mascarenhas Franchini.

O Retrofit surgiu na Europa e ganhou corações e mentes também nos Estados Unidos. É utilizado, principalmente, em áreas marcadas pela presença de prédios antigos e por uma legislação rígida no que diz respeito à conservação do patrimônio histórico representado por essas unidades. No Brasil, ainda é mais conhecido em regiões com potencial construtivo esgotado, onde é mais viável modernizar prédios antigos do que construir novos. “Uma obra convencional passa por outra metodologia de trabalho: da tábula rasa, do lote vazio que irá ser edificado mediante acordo entre anseios do cliente e legislação vigente do município. Por outro lado, o Retrofit leva em conta um lugar edificado que irá se adequar ou será transformado em um novo espaço. A prática passa, obviamente, por uma fase de perícia da estrutura, das fundações, no entanto, nem sempre será necessária a revisão das mesmas”, elucida Franchini.

 Por dentro do Retrofit
Antes de optar pelo Retrofit, o condomínio deve se submeter a uma vistoria. Nela, um engenheiro civil ou outro profissional especializado elencará as áreas que deverão passar pela revitalização, além de avaliar os impactos finais da obra, sua relação custo-benefício e a viabilidade econômica do projeto. Essa perícia é que dirá se a unidade tem condições ou não de passar pelo Retrofit. “A análise aponta se a intervenção é possível, fornecendo, inclusive, um orçamento prévio para que o cliente possa aprovar ou não o desenvolvimento do projeto. É importante deixar claro ao condomínio que, por se tratar de uma obra já edificada, algumas intervenções e implementações não são possíveis”, afirma o arquiteto.

Entre as áreas que podem ser retrofitadas estão as estruturas elétricas e hidráulicas da unidade. É possível, por exemplo, instalar novas caixas de distribuição e substituir o cabeamento no forro por um piso elevado, o que elimina fios visíveis e otimiza o visual estético da unidade.

Com o Retrofit, a aparência de elevadores, portarias e hall de entrada também pode ser renovada. Assim como a fachada que poderá receber novos vidros e janelas ou mudar o revestimento de tintas para pastilhas e vice-versa, o que acaba contribuindo para a valorização dos imóveis da unidade.

Outro alvo de Retrofit é o sistema de condicionadores de ar. No geral, a modernização dessa área se dá pela troca de equipamentos por modelos mais modernos e em sintonia com o meio ambiente e pela instalação de um forro de gesso que esconde as instalações de ar condicionado.

Recentemente, o Edifício Chablis, no Leblon, utilizou o Retrofit para modernizar pavimentos e seu playground. Segundo Francisco Wellington de Holanda, síndico do condomínio de seis unidades, a opção pelo Retrofit se justifica no desejo de acompanhar as tendências de valorização imobiliária na região. “Foi um processo trabalhoso, porém, realizamos de maneira regular e sempre buscando a legalidade dos fatos para a realização da obra e evitando conflito de opiniões entre os condôminos. Solicitamos propostas de, pelo menos, três empresas de Arquitetura e, em reunião dos condôminos, aprovamos a melhor proposta para o condomínio. Com a planilha elaborada pelo arquiteto escolhido, realizamos o processo de licitação e, em seguida, levamos as propostas para aprovação da assembleia regularmente convocada. Revitalizamos todo o play, construímos um espaço gourmet, sala para motoristas, sauna, sala de ginástica, alojamento dos empregados e fizemos a substituição do deck da piscina”, conta Francisco.

As intervenções demoraram cerca de quatro meses para serem finalizadas e geraram resultados que caíram nas graças da comunidade condominial do Chablis. “Desde que sejam respeitadas as normas condominiais e acompanhado por profissionais habilitados, o Retrofit é a melhor maneira de ‘colocar o antigo em boa forma’. Valorizou nosso patrimônio, por isso não enxergo como uma despesa, mas como um grande investimento”, assegura o síndico.

Vantagens e desvantagens
Além das vantagens já enumeradas — como o aumento da vida útil da unidade, a conservação de sua história e memória, atualização dos sistemas do condomínio e valorização dos imóveis, por exemplo — o Retrofit traz o benefício de, em longo prazo, gerar economia nos gastos do condomínio com manutenção e consertos, o que pode compensar o investimento inicial na obra.

O fator financeiro, porém, ainda impede alguns gestores de enxergar no Retrofit uma alternativa de revitalização de seus espaços. Isso porque a técnica tem custos mais elevados do que reformas comuns. Ainda assim é mais barato do que demolir o prédio antigo e construir outro, do zero.

Por ser uma obra com características muito peculiares, o Retrofit exige funcionários mais qualificados e, como prevê intervenções em estruturas já desgastadas pelo tempo, pode demorar mais tempo para ser finalizado do que uma reforma menos invasiva.

Apesar dos senões, quem entende do assunto não só aprova a técnica como a recomenda. “Além de ter custos mais atraentes em relação à construção, na maioria dos casos, o Retrofit também apresenta vantagens em relação à reforma ou restauração, pois combina características destes dois, trazendo avanços tecnológicos sem desfigurar os projetos arquitetônicos originais. A adequação dos sistemas de ar condicionado, elevadores, fachadas etc. demanda alto investimento tanto em uma obra de Retrofit quanto em uma obra convencional. Vale lembrar que há um aumento da vida útil do edifício. Após constatar a necessidade de uma reforma, o quanto antes for realizada a intervenção, menor será o valor”, enfatiza o arquiteto Marcos Mascarenhas Franchini.

 

Tendência: Retrofit Verde

À medida que as discussões sobre sustentabilidade avançam, começam a surgir uma série de soluções para adaptar os condomínios às demandas ambientais de economia energética e de recursos naturais. Uma delas é o Retrofit Verde, que utiliza a prática do Retrofit para tornar mais sustentáveis as construções antigas.

Segundo estudos realizados nos Estados Unidos, somente no quesito energia, a economia gerada pelo Retrofit Verde pode chegar a 40%. Isso porque ele substitui as antigas lâmpadas por tecnologias menos dispendiosas, como lâmpadas de LED e sensores de movimento. A água é outra preocupação dessas obras, que municiam prédios e casas com equipamentos que reduzem o fluxo de água, reaproveitam a água da chuva e reusam, mediante tratamento prévio, a água das pias de banheiro e da cozinha.

 

Retrofit X Obra Tradicional

Confira as principais diferenças do Retrofit e de uma obra convencional:

Itens Obra Tradicional Retrofit
Fundações e Estruturas Executadas a partir do zero Adapta fundações e estruturas
Fachada Varia de acordo com o padrão e tipo de edificação Prevê a troca de revestimentos e substituição de vidros e janelas
Acabamentos Utiliza diferentes materiais que variam de acordo com o tipo e a destinação da construção Dá uma aparência mais moderna à edificação
Mão-de-obra Alta quantidade de mão-de-obra. Exige menos qualificação Menos numerosa e mais especializada
Duração da Obra Varia de acordo com a complexidade da obra Em alguns casos, especialmente em edifícios ocupados, pode durar mais do que a construção de uma edificação nova

 

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