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Entre a emergência e o plano de contingência

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 11/09/2013
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Quem mora em prédio conhece bem, a lista de situações de emergência é grande. Muitas delas, por sua vez, acabam sendo geridas apenas quando acontecem, não podem ser evitadas, e pegam síndico e moradores pelo pé. O elevador que parou, a luz que acabou, a festa do vizinho que varou madrugada adentro ou um princípio de incêndio controlado. Em todos esses casos é preciso planejamento, e um plano de contingência pode ser o primeiro passo.

Há três anos, desde que assumiu o cargo de síndico do Condomínio 27 de Setembro, em Marechal Hermes, o aposentado Jorge Luiz do Nascimento, se dedica a administrar as ocorrências emergenciais do prédio. Quando falta luz, por exemplo, o portão automático da garagem se torna um grande problema – isso também quando ele apresenta algum defeito e para de funcionar. A maior parte das panes, de acordo com Jorge, por azar do destino, se dá depois das 18h, fora do horário comercial, e lidar com a situação exige pro atividade e bom senso dos moradores, o que nem sempre ele pode contar.

“É sempre assim. Quando o portão apresenta algum defeito, vou até lá, desligo o aparelho para evitar curtos circuitos e deixo que a abertura seja feita no manual. Mas nem sempre quem entra com o carro se preocupa em estacionar e voltar para fechá-lo. Ficamos à mercê da insegurança”, desabafa.

O morador Júlio Lopes, também aposentado, mora em um dos prédios da entrada do condomínio e tão logo percebe o problema, aciona sua chave automática de defesa, uma espécie de vigia voluntário. “Tenho duas filhas, nunca tivemos problemas de assalto, mas é melhor prevenir do que remediar. Sempre que o portão apresenta defeito, fico de olho para ver se as pessoas estão fechando quando entram. Muitas vezes saio de casa e vou até lá fechá-lo, não me custa nada”, pondera Júlio.

O problema aparentemente bobo afeta diretamente a rotina dos condôminos, que embora não tenham um padrão de ação a seguir, criaram seus próprios comportamentos para encarar a situação. Por conta do horário de atendimento da empresa que realiza a manutenção do portão, muitas vezes o condomínio dorme com a passagem para os carros aberta durante toda a madrugada, até que o problema possa ser resolvido no dia seguinte.

Em Andaraí, também Zona Norte do Rio de Janeiro, a síndica do Condomínio do Edifício São Francisco, Regina DeNadai, também já passou por poucas e boas. “Já cheguei em casa com as paredes do meu apartamento minando água. Demoramos muito para descobrir qual o registro deveríamos fechar e minha casa acabou alagada”, lembra Regina.

Pensando em otimizar o tempo entre a percepção da emergência e o início do plano de ação para a solução do problema, a síndica procurou uma empresa especializada em planos de contingência para ajudar o seu edifício. “Administro um edifício grande com 180 unidades, já nos deparamos com diversas situações emergenciais em que por falta de normatização adequada, a resolução do problema ocorreu de forma lenta e desorganizada”, comenta a síndica.

O principal foco do plano de contingência do condomínio de Regina é treinar, organizar e orientar de forma uniforme e prática, as ações necessárias para a resolução das ocorrências emergenciais. O plano que está sendo desenvolvido em seu prédio conta com a participação de todos – funcionários, síndica e moradores. “Esperamos minimizar os custos e resolver de forma mais rápida os problemas que surgem no dia-a-dia, além de mantermos os condôminos seguros e tranquilos diante de qualquer situação de gravidade”, torce.

Plano de Contingência
O trauma de Regina, que culminou com o alagamento de seu apartamento, serviu de lição. É difícil tanto para o síndico quanto para os moradores, manter a calma ou ter o discernimento de forma imediata, de tomar a atitude correta numa situação de emergência. Em condições adversas o nervosismo e a ansiedade podem ser grandes vilões. Contar com um plano específico para cada situação em particular exige tempo e empenho de todos, mas de acordo com especialistas é a melhor alternativa.

Grandes eventos, enchentes, roubos, corte de água ou de gás, são situações que impactam diretamente na rotina e por conta disso, exige planejamento. Estar pronto para enfrentar uma emergência só é viável quando medidas cautelares são uma regra. O plano de contingência, nada mais é, que um roteiro prévio do que se fazer, com um conjunto de regras básicas para os casos mais críticos do condomínio. “Como o próprio nome sugere, é um documento que descreve, passo a passo, as ações que a administração do condomínio deve tomar para resolver situações anormais ou indesejáveis após a ocorrência de um incidente de segurança ou contingência”,  explica Amaro de Oliveira, diretor comercial de uma das maiores empresas especializadas em planos de contingência do Rio de Janeiro.

Um exemplo corriqueiro é o rompimento de uma tubulação durante a madrugada. Para o diretor, é primordial que os funcionários de plantão sejam capazes de reagir prontamente à ocorrência, identificando e fechando as válvulas que estão ligadas à tubulação avariada. E nestes casos, os planos de contingência podem ser consultados para localizar e identificar quais registros precisam ser fechados. “Os planos de contingência armazenam e disponibilizam o conhecimento e a experiência dos síndicos e democratizam o acesso dessas informações a todos”, defende o especialista.

Amaro esclarece que descrever as ações corretivas específicas para cada situação emergencial do condomínio de forma clara e fácil é o grande segredo. “Ter em mãos as principais plantas de arquitetura e instalações em geral, o regulamento interno, uma lista básica com telefones úteis e as fichas técnicas de manutenção de todos os equipamentos é o começo”, dá a dica.

O especialista destaca também, a importância da disponibilização dos planos de contingência via internet, onde o acesso é democrático a todos. “Emergências não têm dia nem hora para acontecer. Os planos precisam estar disponíveis 24h por dia. Ocorrências fora da hora também exigem respostas imediatas. A disponibilização online é uma excelente medida”, chama a atenção.

Geralmente os planos de contingência são desenvolvidos a partir da configuração padrão do prédio. Isso garante que as melhores práticas sejam incluídas e mantidas. O síndico é o grande elo entre a empresa que produz o plano e o condomínio. Outro ponto importante é a capacidade dos planos de contingência servirem de registro permanente da experiência acumulada pelos funcionários mais antigos, os quais, muitas vezes, ao se ausentarem ou mudarem de emprego, levam consigo.

 

 

O PRIMEIRO PASSO

Diante de algumas situações de emergência qual é o primeiro passo e qual o melhor caminho a seguir para driblar o nervosismo e encarar a situação de frente? A revista SÍNDICO pesquisou junto a especialistas quais as primeiras ações a serem adotadas nos 10 problemas mais comuns e críticos em condomínios.

ELEVADORES – O resgate deve ser feito exclusivamente por profissionais especializados do Corpo de Bombeiros, e o acionamento da corporação deverá ser feita pelo 193. O fechamento da rede de gás também deve ser imediato;

ASSALTO – Após a ocorrência a polícia deve ser acionada imediatamente pelo 190;

INCÊNDIO – Acionar a brigada de incêndio do condomínio e o Corpo de Bombeiros;

QUEDA DE LUZ – Verifique se há passageiros presos nos elevadores. É importante manter lanternas sempre com pilhas na portaria;

VAZAMENTO DE GÁS – Fechar o registro de gás e isolar o local imediatamente;

VAZAMENTO DE ÁGUA – Deixar o mapa de arquitetura e registros sempre à mão e à disposição do zelador do prédio;

FESTAS – Caso a festa ultrapasse os limites estabelecidos pelo condomínio, um funcionário do prédio pode e deve comunicar ao responsável pelo evento cesse a comemoração e desocupe o salão;

PORTÕES AUTOMÁTICOS – Oriente ao porteiro a certificar-se sobre quem é o visitante e se o morador o conhece antes de abrir o portão;

ENCHENTES – Não se deve esquecer de colocar as trancas de contenção de água nas garagens.

FUNCIONÁRIO OU VISITANTE PASSANDO MAL – Ligar imediatamente para o SAMU por meio do número 291.

 

Texto: Andre Luiz Barros

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