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Energia solar: união de economia e sustentabilidade

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 14/05/2013

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Não há como negar. As energias renováveis e não-poluentes ganham cada vez mais importância em escala global. E com os condomínios, não é diferente. Nessa corrida pela preservação do planeta, alternativas verdes são vistas como prioridade por muitos síndicos não somente pelo fato de amenizarem os problemas ambientais, mas também, pela economia que proporcionam. O aproveitamento da energia solar, por exemplo, é uma das vias mais eficazes de se obter estes dois fatores.

A produção residencial de energia elétrica solar é garantida, basicamente, por meio de um sistema de placas fotovoltaicas. Este modelo já é economicamente viável para até 15% dos domicílios brasileiros, segundo um estudo divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia. A pesquisa diz que o custo da geração de eletricidade nas residências brasileiras, a partir de um equipamento como este, seria de R$602 por megawatt-hora (MWh), muito mais barato do que a energia convencional vendida por dez das mais de 60 concessionárias do país. O cálculo foi feito com base no custo médio de instalação de um painel com a menor potência.

Apesar destas vantagens, as placas dificilmente são encontradas nos condomínios brasileiros. E a principal dificuldade relatada ainda é o custo da implantação do sistema. Contudo, Ronald Honegger Thomé, diretor e fundador da empresa Energia Pura, especializada em diversos tipos de sistemas de energia renovável, diz que este panorama deve mudar. “A consciência da população ainda é lenta, mas há uma boa perspectiva de mudança. A energia solar em residenciais tem crescido muito e deve virar uma tendência no futuro”, aponta ele, lembrando que as placas têm uma vida útil longa (de pelo menos 25 anos), são fáceis de instalar, podem ser adaptadas para qualquer ambiente e proporcionam uma grande economia a longo prazo, contrariando seu custo inicial.

As tais placas fotovoltaicas podem ter diferentes tipos de utilização num edifício. Na maioria dos casos, são empregadas no sistema de aquecimento, absorvendo a energia solar para esquentar a água do prédio. Esta modalidade é a que gera o melhor custo-benefício, no entanto, elas também podem ser instaladas com o auxílio de baterias, de forma que forneçam a própria energia elétrica.

Quanto à economia, o gerente de projetos da consultoria ambiental Sustentech, Henrique Benites, diz que não há dúvidas: “Em uma família com quatro pessoas, 40 metros quadrados de placas são suficientes para gerar 500kWh/mês de energia, o que é um índice amplamente satisfatório. O preço dos painéis vem caindo muito nos últimos anos e espera-se que, com a entrada em vigor da Resolução 482 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), haja retornos mais rápidos do investimento”.

A resolução 482, mencionada por Benites, promove um sistema de compensação. Funciona assim: quando um condomínio instala as placas em sua unidade consumidora, a energia gerada por elas é usada para abater o consumo de energia elétrica. Assim, quando a geração for maior que o consumo, o saldo positivo poderá ser utilizado para diminuir taxas em outro posto tarifário ou na fatura do mês seguinte. Há ainda outras duas resoluções, a 181 e a 182, que incentivam a instalação das placas em prédios ainda não-construídos. Elas concedem desconto na tarifa de uso do sistema para empreendimentos que entrarem em operação comercial até 2017. Mesmo com estes benefícios, ainda não existe nenhum incentivo fiscal que garanta vantagens aos síndicos ou empresas que desejam adotar as placas fotovoltaicas para o seu condomínio. E a maioria ainda é produzida no exterior, o que encarece ainda mais o processo de implantação.

A experiência de quem já tem
Em 2007, a síndica do Condomínio Augusto Cesar Cantinho, de 98 unidades, em Botafogo, Henriette Kruttman, trocou um sistema velho de aquecimento pelas placas fotovoltaicas. Os antigos aquecedores iam frequentemente para o conserto e geravam aquela despesa. A implantação da energia solar, apesar de ter um custo alto, trouxe uma troca de R$ 16.780 de gasto mensal com a CEG por R$ 3.556 de acréscimo na conta da Light. Uma economia de dores de cabeça e de R$ 13.224 ao mês. Ao todo, são 40 placas solares, acopladas a três bombas de calor, desde 2008. “Em cinco anos, a economia proporcionada foi enorme! Fez toda a diferença no orçamento do prédio, pois vivíamos com um sistema que era uma verdadeira bomba-relógio”, explica ela.

Quem também já sentiu os efeitos positivos da energia solar foi o arquiteto Oswaldo Pellegrino, da Diretoria de Obras Civis da Marinha do Brasil. Ele conta que boa parte dos prédios da Escola Naval, localizada no Centro do Rio, recebeu o mesmo sistema, por meio de uma troca feita pela HibriTec, uma das empresas mais antigas neste mercado. “Cada quarto da escola e cada banheiro tinha um aquecedor. Aposentamos isso e investimos na energia solar há cerca de cinco anos. As placas aquecem a água e ela é enviada já quente para um reservatório com capacidade de 16 mil litros. A economia é incalculável e o meio ambiente agradece”, afirma.

De olho na onda da economia e da sustentabilidade, Nelson Barreto, síndico do condomínio de 152 unidades Queen Victória, pretende adotar o sistema. No prédio, já existe um sistema de captação de água de chuva. “Solicitamos o orçamento de um projeto, que deve ser visto e votado até o fim do semestre. A maior dificuldade é convencer os moradores de que é um investimento que proporcionará uma boa economia. À primeira vista, o orçamento parece alto, mas a relação custo-benefício compensa muito”, diz ele.

Energia elétrica convencional sai caro
O sistema de placas fotovoltaicas para a geração de energia solar ganha ainda mais força quando se pensa nos atuais preços da energia elétrica fornecida pelas concessionárias do país. A tarifa brasileira é a terceira mais cara do mundo, custando em média R$ 0,38 por kWh. Na Alemanha, o preço médio equivale a R$ 0,32 kWh.

Os efeitos positivos da energia solar também são vistos fora das fronteiras residenciais. Companhias como a Apple e a P&G adotaram as placas em suas sedes. Cidades como Maringá (PR) e Maceió (AL) vão implantar a tecnologia limpa nas luzes dos semáforos. Em Guiné-Bissau, o governo implantou as placas em seis mil lares. “Se formos fazer uma análise dos gases emitidos na atmosfera, estamos num processo de retratação do planeta. Não temos recursos naturais que consigam suportar o nível de consumo que temos hoje. E agora, isso está se refletindo no cotidiano. Não apenas a energia solar, mas a adoção de qualquer fonte de energia renovável pode ser um passo para resolver o problema”, conclui Honegger.

 

Entenda a economia
Não há como negar que as placas fotovoltaicas possuem um alto custo de implantação. Segundo dados da Sustentech, este valor é variável e vai depender do consumo do edifício e da demanda que será atendida. O custo de um painel fotovoltaico de 140W é de aproximadamente R$850  no mercado. Um painel com essas características, em um local com cinco horas diárias de sol, pode gerar até 700W/dia. A economia a longo prazo para o condomínio é enorme, se considerarmos o preço da tarifa de energia elétrica brasileira, uma das mais caras do mundo: cerca de R$0,38 por kWh. O bolso e o meio ambiente agradecem.

 

Texto: Mario Camelo

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