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O poder da gestão de pessoas

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 13/10/2020

materia 6
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Aline Durães

O síndico gerencia o condomínio, lida com fornecedores, administra a convivência
entre os moradores. Mas, antes de mais nada, o síndico é um gestor de pessoas. O
relacionamento com porteiros, faxineiros, zeladores, motoristas e vigias é de suma
importância e acaba sendo decisivo para o sucesso — e também para o fracasso —
de uma gestão.

Motivação em alta = mais produtividade
Ao contrário do que a maioria pensa, gerir pessoas não se resume a controlar horários
de chegada e saída e delegar a realização das tarefas. Um bom gestor — seja ele um
executivo de multinacional ou um síndico condominial — tem como nortes motivar
seus funcionários, comunicar-se bem com eles, treiná-los e acompanha-los,
priorizando sempre o bom clima e o trabalho em equipe. “Como ocorre nas grandes
empresas, é crucial a gestão das pessoas no condomínio promover um ambiente
sadio que estimula e reconhece o bom desempenho”, opina Luci Balthazar,
psicoterapeuta e sócia-fundadora da consultoria de Recursos Humanos ProMover.

A discussão sobre a importância de adotar práticas de gestão no relacionamento com
colaboradores ganhou força no Brasil a partir, em especial, dos anos 1990. Uma série
de mudanças conjunturais — entre elas a abertura de mercado, o aumento da
concorrência estrangeira e o Plano Real — provocou profundas reestruturações nas
empresas brasileiras.

Começou então um processo de revisão das relações de trabalho, onde motivação e
produtividade passaram a ser entendidas lados distintos da mesma moeda. Estudos
ajudam a comprovar a teoria, entre eles o da consultoria Right Management que diz
que, quando motivado, um empregado tem um rendimento 50% maior. As pessoas

desenvolvem melhor suas tarefas e ampliam a sensação de pertencimento,
melhorando o clima organizacional e diminuindo a ocorrência de conflitos. “As pessoas
se tornam parceiras e os resultados se traduzem no atingimento de metas pré-
estabelecidas. Especificamente nos condomínios, uma boa gestão de pessoas pode
reduzir custos de material de limpeza, índices de absenteísmo, despesas com
desligamento e substituição de pessoas e ampliar o nível geral de satisfação dos
condôminos”, completa a especialista.

O caminho das pedras
Não há fórmula mágica para motivar pessoas em seu ambiente de trabalho, mas
existem iniciativas que podem ajudar nesse processo. Uma delas é o treinamento.
Muitos erros e retrabalhos ocorrem no dia a dia condominial simplesmente porque os
funcionários não sabem como fazer ou porque não foram orientados corretamente. Por
isso, é importante que o gestor dedique um tempo ensinando a rotina ao profissional.
Apresente ao funcionário as regras, manuais e regulamentos da unidade.

O treinamento deve ser contínuo. Se possível, o condomínio deve investir
periodicamente em cursos e formações complementares a seus colaboradores. É uma
forma de mantê-los alinhados aos conhecimentos mais recentes de sua área. Para as
unidades com restrições financeiras e sem condições de manter um programa de
qualificação profissional, vale pesquisar programações gratuitas e a distância, via
Internet.

Outro pilar da gestão de pessoas é a comunicação. O condomínio só tem a ganhar
quando cria um fluxo onde a informação flui sem ruídos e com clareza. Incentivar o
diálogo é o caminho para um condomínio mais democrático e livre de boatos e
fofocas. “Se o líder não souber ouvir como resolverá as insatisfações de seus
funcionários? Além de falar, é preciso saber acolher”, pontua Jacque Miranda,
escritora, psicopedagoga e especialista em Recursos Humanos.

O lado humano é essencial na gestão de Suzana Grechi, síndica do Tanger, com 13
unidades, no Leblon. “Estamos com uma equipe nova de funcionários. São três
porteiros e um vigia. Tem que acolher, acompanhar, ouvir. Um deles machucou a
cabeça jogando futebol na folga de fim de semana, sempre pergunto se está bem, se
precisa de alguma coisa”, destaca a gestora.

Jacque explica que os empregados são espelho da liderança. “Às vezes, o síndico não
sabe mais o que fazer para ter um ambiente tranquilo e de qualidade, bate um
desespero quando ele sente que a equipe não está preparada. É preciso ter em mente
que ele tem de ser o primeiro a dar o exemplo. Em certa ocasião, durante um curso
que eu estava ministrando, um colaborador perguntou porque o salário dele era
diferente de um outro funcionário que tinha o mesmo cargo e entrou na mesma época.
Insatisfações como essa precisam ser respondidas. Com respeito, mas sempre
respondidas”, complementa.

Funcionários terceirizados, como lidar?
Os momentos de comunicação com os funcionários podem ser decisivos também na
construção de uma rotina de trabalho. Eles geram insumos para o gestor elaborar
cronogramas de atividades e checklists para cada área de atuação. Com isso em
mãos, o síndico passa a ter aliados importantes na hora de gerenciar o cumprimento
das atividades na unidade.

Por fim e não menos importante, estão as reuniões periódicas de avaliação e o
feedback. São eles que permitirão ao empregado saber onde errou e acertou e como
pode melhorar sua atuação no futuro. “O feedback não pode acontecer apenas em um
determinado dia do ano. Esse é um erro comum na gestão de pessoas. Diariamente,
as oportunidades se apresentam e isso acaba se tornando um trabalho preventivo,
muito mais benéfico que o corretivo”, salienta Luci. “Chamo a atenção de forma
didática. Converso, pontuo erros e vejo se há interesse da parte deles”, diz Suzana
Grechi, contando também que recentemente teve de advertir um funcionário que
estava passando muito tempo no celular. “Expliquei que o ideal era usar apenas na
hora do almoço”.
Quando o feedback é negativo, o trabalho do gestor é ainda mais complicado. Seguir
algumas regras ajuda para que a conversa não gere desconforto no colaborador e
ainda estresse na relação com ele. Em primeiro lugar, jamais chame a atenção de um
empregado na frente dos demais. É importante também traçar junto ao colaborador
um plano de ação que vise corrigir as posturas inadequadas. “Seja assertivo!
Assertividade é saudável e, no médio e longo prazo, gera confiança”, aconselha a
psicoterapeuta.

Se lidar com os empregados fixos já é uma tarefa complicada, que dirá quando o
condomínio possui funcionários terceirizados. Em tese, a empresa prestadora de

serviços é a intermediária entre o síndico e o terceirizado e qualquer problema deve
ser reportado a ela. Quem garante isso é a Súmula 331 do Tribunal Superior do
Trabalho. Nela, está expresso que o poder diretivo e a subordinação pertencem, única
e exclusivamente, ao prestador de serviços. Caso haja subordinação direta do
terceirizado ao síndico, é configurado o vínculo empregatício. Como aplicar então a
gestão de pessoas em um cenário desse tipo?

“A dica é o síndico manter um relacionamento muito próximo com o supervisor da
empresa terceirizada para que não haja divergências na comunicação. No mais, o
relacionamento é o mesmo. Os funcionários podem estar registrados em outro
empregador, mas a prestação do serviço é naquele determinado condomínio, que é o
cliente”, adianta Luci Balthazar.

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